A Bandeira da Nossa Nação.
Todos nós somos ensinados na escola sobre as cores da bandeira da República Portuguesa, mas com a idade e com o estudo, percebemos que Portugal e a República Portuguesa são duas coisas diferentes. E, talvez seja apenas eu, mas quanto mais sei sobre os dois domínios, mais creio que são antagónicos. Inclusive a ideia da República Portuguesa estar, pelo menos, em sobreposição à nação não é exclusivamente minha, já as propostas de bandeiras para a república de Duarte Alves ou de Carvalho Neves sobrepõem as cores republicanas às cores nacionais, sinal indicativo de que várias pessoas, mesmo naquela época, reconheciam que a república, ao contrário da monarquia, era uma imposição artificial. Dito isto, qual é a nossa bandeira, qual é o símbolo máximo da nossa nação?
As bandeiras mais aclamadas pelas hostes correligionárias parecem ser a bandeira branca, a bicolor (azul e branca) e, por vezes, aparece uma terceira, também ela bicolor (azul e vermelho).
De facto, o azul e o vermelho são cores que, de certo modo, estão envolvidas com a nossa nação desde o dia 1 da história de Portugal, já que os templários usavam a cruz vermelha e o nosso fundador escolheu a cruz azul como representação do nosso povo. Curiosamente, essas duas cores vão afirmando a sua posição como cores da realeza. Desde os primórdios da nossa história, as cores estiveram presentes no nosso escudo, e com a restauração da Independência em 1640, D. João IV colocou a cor azul no fundo da sua bandeira pessoal, em homenagem a Nossa Senhora da Conceição, feita pelo mesmo Rei padroeira do Reino de Portugal, substituindo a cor vermelha no fundo da bandeira de D. Sebastião.
A bandeira continuou por mais uns séculos, com o escudo no fundo branco, coisa comum na Europa, presumivelmente por razões económicas, mas com o estabelecimento do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, pela primeira vez o escudo de Portugal deixa a solidão do fundo branco e abraça a esfera armilar em fundo azul, porventura seguindo os nossos vizinhos que pela mesma altura abandonavam o fundo branco e estabeleciam a bandeira amarela e vermelha. Contudo, o Reino Unido teve vida curta e com o seu fim regressou o típico escudo português em fundo branco, julgo eu, como solução temporária, já que Portugal vivia uma crise profunda e era tendência em toda a Europa os escudos nacionais serem guardados por um padrão de cores.
De seguida, surge a “bandeira liberal”, ou melhor dizendo, empregue e adotada pelos liberais, que surge pela primeira vez, na ilha Terceira, carregada pelos revolucionários libertinos encabeçados por D. Pedro, o traidor. Todavia, esta combinação de cores não surgiram espontaneamente, foram pensadas nas cortes liberais onde se procurou fazer uma distinção entre as cores reais (vermelho e azul) e as cores nacionais a serem empregues no laço nacional. E à proposta de um tal maçom, Manuel Gonçalves de Miranda, que propôs as cores verde e amarelo para o laço português, um deputado, conservador, chamado Francisco Manuel Trigoso de Aragão Morato, propôs o azul e branco por serem as cores permanentemente presentes no escudo de Portugal. Como o próprio disse: "(...) por serem aquelas que formam a divisa da Nação Portuguesa, desde o princípio da monarquia, em muito gloriosas épocas da sua história." O que, apesar de ser uma escolha feita por liberais, numa assembleia liberal, num momento de convulsão liberal, não deixa de ser uma escolha feliz.
Julgo eu, que D. Pedro, o fantoche maçónico, não teve voto na matéria, nem acesso às atas dessa discussão, apenas a adaptou porque lhe disseram, assim como foi a face da Independência do Brasil porque lhe disseram, tal como abandonou o jovem filho no Brasil para fazer guerra ao irmão em Portugal, adivinhem, porque lhe disseram, ignorando, em todas essas ocasiões o significado e as consequências de tais atos.
Ao contrário do Rei traidor, eu não ignoro os motivos pelo qual essas cores foram introduzidas no fundo da bandeira e, portanto sei que a cor azul não foi lá colocada por qualquer propósito religioso, nem maçónico, nem sequer uma tentativa de romper com as nossas tradições. Como é bem explícito no decreto de 21 de Agosto de 1821, os deputados escolheram como cores nacionais o branco e o azul, por razões meramente nacionalistas. Contudo, podem até tentar fazer alguma alusão à cor azul como representante da “liberdade”, como símbolo da vitória libertina, que parece estar ligada às lojas maçónicas que pregam a monarquia constitucional como o melhor regime para atingir os seus objetivos, em contraponto à maçonaria vermelha que defende a república democrática como o sistema de excelência para concretizar os seus desejos. As lojas azuis defendem um sistema onde o Rei será réu nas mãos de um juiz coletivo, num julgamento interminável onde os capitalistas do burgo substituem os nobres aristocratas do país como representantes das vontades e necessidades da nação. Todavia, esse azul é acompanhado por um branco, que por norma, simboliza a fraternidade entre irmãos, significa o fim da hierarquia orgânica e o início da tirania dos iguais, onde todos são iguais, mas uns mais iguais que outros.
De qualquer forma, essa linguagem e essa simbologia, não passam de linguarejo de rato de loja, que esses animais usam para se comunicarem uns com os outros, mas para nós, portugueses de bem, as cores têm outro significado. O azul é o da cruz sob a qual se fundou a nacionalidade, é a cor do manto de Nossa Senhora da Conceição, Rainha de Portugal, é a cor do Tejo, embrião dos nossos descobrimentos, é o mar por nós navegado, que uniu o nosso império e serviu de estrada para anunciar Cristo ao Novo Mundo. É então, a perpétua cor de Portugal. Já o branco, cor do sal desta terra, é a cor da pureza, da candura unânime, da bondade da nossa missão espiritual, foi a cor das vestes dos guerreiros heróicos, que nos libertaram das mãos cruéis dos sarracenos, é a cor da espuma do mar que tinge as margens deste jardim à beira mar plantado.
Embora compreenda que a bandeira branca seja bastante elegante e que para alguns tenha o pendão emocional de lembrar D. Miguel, ou até mesmo os momentos áureos da nossa história, não posso deixar de defender que a nossa bandeira é azul e branca. Foi essa bandeira, a natural evolução do nosso símbolo máximo. Não importa se para os traidores essas cores tenham um significado oculto, essas cores foram escolhidas por um motivo nacionalista e patriótico. Até que possamos ter outra, quem sabe uma azul e vermelha unindo as cores da realeza às da nação, num desejado retorno da real monarquia. Julgo que seja belo erguer a azul e branca, que, convenhamos, é uma beleza.